sexta-feira, 30 de abril de 2010

Confesso não ser grande fã dos Delfins, mas sou sem dúvida apaixonada pela Baía de Cascais.

Deixo-vos com este video , e desafio-os a todos a irem ver/sentir/cheirar/ouvir/tocar o mar neste fim de semana.



Bom fim de semana !!!!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Mais de 13 mil crianças assistiram no ano passado a actos de violência entre os pais. São testemunhas silenciosas de um crime que lhes pode condenar o futuro: em adultos transformam-se muitas vezes em agressores ou vítimas, repetindo o que viram na infância.


Em quase metade dos casos de violência doméstica participados ás autoridades no ano passado estava presente, pelo menos, um menor. As contas apontam para mais de 13.800 crianças e jovens, mas a investigadora Ana Sani lembra que os números da violência doméstica são apenas “indicadores” de uma realidade mais dramática. “Se não se conhece ao certo quantas são as vítimas, muito mais difícil é saber quantas são as crianças que assistem”, disse.

“Estar exposto à violência dentro de casa, envolvendo os próprios pais, é muito diferente de estar exposto à violência na comunidade”, sublinha Ana Sani, investigadora da Universidade Fernando Pessoa. “Há crianças que se metem entre os pais para tentar acabar com a violência”, diz, acrescentando que “muitas assistem com regularidade à vítima a precisar de cuidados hospitalares”. No ano passado, as forças de segurança receberam 30.543 queixas de violência doméstica.

Retirado daqui

Gostaria apenas de acrescentar que mesmo em casos de violência não física as crianças sofrem sempre, e infinitamente mais do que os pais. Há sempre uma maneira de resolver os problemas pacificamente, por favor escolham sempre essa via, por vós, mas acima de tudo pelos vossos filhos.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Este anúncio foi censurado ... ainda hoje continua a haver censura em Portugal...


"Que ingenuidade, que pobreza de espírito, dizer que os animais são máquinas privadas de conhecimento e sentimento, que procedem sempre da mesma maneira, que nada aprendem, nada aperfeiçoam! (...) Bárbaros agarram esse cão que tão prodigiosamente vence o homem em amizade, pregam-no em cima de uma mesa e dissecam-no vivo para te mostrarem as suas veias mesentéricas. Descobres nele todos os mesmos órgãos de sentimentos de que te gabas. Responde-me maquinista, teria a natureza entrosado nesse animal todos os órgãos do sentimento sem objectivo algum? Terá nervos para ser insensível? Não inquires à natureza tão impertinente contradição."

Voltaire

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Hoje apetece-me esta:

Cabeças no ar "Jesus no secundário"



Bom fim de semana ;) :D

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Por favor não dêem cabo do Mundo ...

Hoje é dia Mundial da Terra. Não querendo pôr em dúvida que é opinião generalizada de todos nós que deveríamos tratar dela diariamente, penso que nunca é demais alertar para a urgência de a curar.

Deixo-vos com a "Quadrilha" e a esperança de que as últimas catástrofes naturais e ambientais sejam suficientemente esclarecedoras e nos levem a todos ( por favor poderosos deste Mundo esqueçam os interesses económicos) a agir rapidamente. Talvez se começarmos agora, neste preciso segundo, ainda haja alguma ténue possibilidade de a salvar.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Nas tuas mãos começa a liberdade.




AS MÃOS

Com mãos se faz a paz se faz guerra.

Com mãos tudo se faz e se desfaz.

Com mãos se faz o poema - e são a terra.

Com mãos se faz a guerra - e são a paz.

Com mãos se rasga o mar.
Com mãos se lavra.

Não são de pedras estas casas, mas de mãos.

E estão no fruto e na palavra as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no tempo como farpas as mãos que vês nas coisas transformadas.

Folhas que vão no vento: verdes harpas. De mãos é cada flor, cada cidade.

Ninguém pode vencer estas espadas: nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre


sexta-feira, 16 de abril de 2010

Pá tiraram-me do sério ... POSSARAS !!!!

Gosto do Facebook q.b.. Tem coisas positivas, outras menos simpáticas. Permite-nos no entanto ignorar aquilo com que não nos identificamos e focarmo-nos no que nos dá prazer.

Quem utiliza o Facebook regularmente sabe que ultimamente é "in" criar grupos, grupos esses que em princípio deveriam ter uma finalidade válida. Não é no entanto isso que acontece, criam-se grupos para tudo. À alguns dias tive até a surpresa de ser convidada para ser fã de um grupo que se auto denominava: "Recusemo-nos a ser fãs de todos os grupos do Facebook".

Na generalidade não me incomodam estes tipos de grupos, sou até fã de alguns , desde que não prejudiquem ninguém e tenham intuitos válidos. Ontem, no entanto, tive conhecimento de um que me chocou, que como se diz em gíria "me tirou do sério". É que me é totalmente impossível compreender como é que alguém, seja por clubismo exacerbado, seja por qualquer outro motivo, seja capaz de criar um grupo no Facebook que diz "damos 50 euros a quem matar a águia Vitória em pleno voo no Estádio da Luz".

Como já disse atrás, muitos destes grupos que são criados não têm qualquer motivo válido, alguns têm no entanto alguma piada, seja pelo "nonsense" seja até pelo "humor negro", agora ir ao limite de oferecer 50 € para MATAR UM SER VIVO , torná-lo público e convidar pessoas para se juntarem a este assassínio é no mínimo dramático.

Queria só acrescentar que à hora a que escrevi este post este grupo tinha já 3225 fãs.

Deixo-vos com a foto que alicia as pessoas a aderirem a esta causa

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Foi este flyer que me aguçou a curiosidade. Partilho a informação com a ressalva de que embora cantada unicamente em português , se trata de verdadeira música rock alternativa ...


Outra das características que a Matilha apresenta, para além de pedir comida para animais nos concertos, é cantar apenas em Português. O grupo integra o Movimento alternativo Rock.

"Esta adesão deu-se de forma natural, pois o MAR é um conjunto de músicos/fotógrafos/técnicos de som/curiosos que se juntou com um objectivo simples e claro: fazer e mostrar música cantada em português. Não interessa o estilo, nem o género, apenas que se cante em português", explicou o baterista do grupo, André , ao Som à Letra.

A Matilha é composta pelo André, baterista, Ricardo Patrão, baixista, Ricardo Monteiro, teclista e o Né , vocalista. Formaram-se em Dezembro de 2008 e desde essa altura têm trabalhado em Demos e dado concertos. Para além de já terem gravado o primeiro single , “Fica Mais Um Pouco”


Este cartão de visita teve o selo dos Black Sheep Studios, “sob a orientação do Makoto e do Bibi”, trabalho “que tem tido uma resposta positiva por parte do público em geral e de algumas entidades em particular”, começa por explicar André, baterista do grupo , ao Som à Letra.

De facto , rádios como a Antena 3 (Henrique Amaro) ou Radar (Pedro Moreira Dias) já começaram a divulgar este aperitivo do grupo. “Para esse single, lançámos o nosso videocip de estreia, também disponível no MySpace”, diz o baterista.

quarta-feira, 14 de abril de 2010


Alguém disse que o poema é um amuleto que nos protege dos equívocos e do esquecimento. Trago vários ao peito, um colar com muitas voltas, pedras de canções e de filmes em formatos diferentes, um pouco pesado, dizem, mas eu gosto que me enfeitem.

Retirado de Holoteta * um blog que descobri e me enfeitiçou, o blog de Né Ladeiras.

* Holoteta é uma pessoa ligada ao computador da nave espacial que, através dos seus pensamentos, dirige a sua deslocação "por meio de um conjunto estabelecido de curvas através de uma série conhecida de configurações". Algumas holotetas transcendem a mera experiência de ligação com o computador.

in O Bailado das Estrelas de Spider e Jeanne Robinson (1979)

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Partilhado de um amigo do Facebook : Bill Leavens.

Este video trazia "coladas" as seguintes palavras:

O cinto de segurança mais belo que alguma vez foi criado. Por favor partilhem este video com todos aqueles de quem gostam. E também com os vossos inimigos.


sexta-feira, 9 de abril de 2010

Acordar meter os pés no chão ... levantar pegar no que tens mais à mão ! Voltar a rir .. Voltar a andar .. Voltar! Voltar!

Rui Veloso, foi escolhido pelo canal temático BIO para ser a próxima personalidade a homenagear com um documentário biográfico que foi apresentado ontem quinta-feira dia 8 de Abril. A estreia é dia 24 de Abril pelas 22h no Biography.



Voar
Letra a Música de Tim

Eu queria ser astronauta .. o meu país não deixou !
Depois quis ir jogar à bola .. a minha mãe não deixou!
Tive vontade de voltar á escola .. mas o doutor não deixou !
Fechei os olhos e tentei dormir .. aquela dor não deixou !

Oh meu anjo da guarda faz-me voltar a sonhar ..
Faz-me ser astronauta e voar !

O meu quarto é o meu mundo ... o ecrã é a janela !
Não choro em frente à minha mãe ... eu que gosto tanto dela !
Mas esta dor não quer desaparecer ... Vai-me levar com ela !

Acordar meter os pés no chão ... levantar, pegar no que tens mais à mão !
Voltar a rir .. Voltar a andar .. Voltar! Voltar!

voltarei ! voltarei !! voltarei .. voltarei !!
voltarei !! voltarei !!
voltarei!! .. voltarei !!

Acordar meter os pés no chão ... levantar, pegar no que tens mais à mão !
Voltar a rir .. Voltar a andar .. Voltarei!

BOM FIM DE SEMANA !!!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Imagem retirada daqui


O profeta

Sobre a terra cansada de chuva, os nossos passos caminham para o seu além. Corremos, sem tempo e sem fôlego, contando as horas e os minutos que nos conduzem e submetem. Sem isso, não sabemos ter um destino e uma direcção que o encontre. Cada um de nós é um filho de Saturno, aquele que, no terrível quadro de Goya, ele agarra, rasga e devora.

Olhamos à volta e tudo se desencantou. Ouvimos as vozes que dão voz ao espectáculo diário do mundo e é como se muitas palavras iniciada por 'd' se juntassem para nos dizer o que ouvimos: dívida, défice, despesa, desperdício, desemprego, desigualdade, desânimo, desilusão, descrença, descrédito, depressão, desistência, desgraça, desorientação, dúvida, difamação, desonra, dissimulação, desinteresse, desencontro, descida, desvalorização, decréscimo, derrocada, decadência, declínio, descalabro, desgosto, desgaste, destruição, desespero, dor, doença, despedida.

Do ecrã brilhante e sombrio das televisões, onde se exibe como se fosse uma novela numérica, a crise saltou sobre as pessoas, dando razão àquelas palavras antigas vindas de Plauto que Thomas Hobbes fez suas e que Jorge Luis Borges gostava tanto de citar: "Homo homini lupus" ("O homem é o lobo do homem"). Por todo o lado, há uma nuvem baixa de instintos que farejam, despedaçam e assassinam, como se a selva fosse o habitat que mais nos convém.

Fala-se com alguém e logo se escuta um susto, uma ansiedade, uma inquietação, um lamento, uma queixa. E não encontramos argumentos que contrariem essa aflição ou a razão que a gera. Somos até levados a concordar com ela, a avolumá-la, a acrescentá-la. Churchill dizia que era optimista porque isso lhe seria mais útil do que ser pessimista. Mas, na câmara escura em que o mundo se tornou, tudo se fez revelação do negativo, radiografia do esqueleto, reverso da vida. Como ensinou Nietzsche, "se olharmos o abismo, ele retribui-nos o olhar". É disso que agora não podemos fugir. É disso que agora queremos fugir.

Saio de casa e vejo um vulto quebrado que anda sem saber para onde. A roupa acompanha a resistência enraivecida do corpo que cobre. Olho o homem nos olhos desmesurados, tento adivinhá-lo. A sua cólera alcança o Universo e é uma injúria. Grita: "Já não sei o que hei-de fazer para conseguir viver. São todos uns filhos da puta. O mundo está cheio de filhos da puta!" Não lhe pergunto nada, não lhe respondo nada. O seu brado não precisa de perguntas nem de respostas. É uma resposta a todas as perguntas que já foram feitas. É uma pergunta a todas as respostas que já foram dadas. Ele não pára de gritar, e a sua voz é o eco da sua voz: "Filhos da puta! Filhos da puta! Filhos da puta!"

O vulto continua a andar pela rua molhada. Passa em frente de um restaurante da moda. Saem clientes da porta que se abre, enquanto o porteiro faz uma vénia risonha, estendendo a mão para receber a gorjeta. Esses que saem sorriem e ficam a conversar no passeio, antes de irem para os carros. Nas suas roupas há uma felicidade. Nos seus gestos há uma elegância. Só as caras são baças ou brutas. O homem em fúria observa-as, fita-as, enfrenta-as. Diz: "Vocês vão morrer também. Pensam que não morrem, mas morrem. E vão morrer mais depressa do que julgam. Para mim, morrer nunca é cedo. Para vocês, viver nunca é tarde. É essa a minha vantagem." Roda sobre si mesmo. Pergunta: "Já viram a merda que fizeram?! Foderam o mundo e agora nós é que pagamos!" Um casal com ar altivo sai do restaurante e ouve estas palavras iradas. A mulher transforma a altivez em prudência, dizendo baixinho ao marido: "Não ligues, não respondas. É um doido!" Ele ouve-a e grita com uma voz rouca, que às vezes soa sub-humana, outras vezes sobre-humana: "Sou doido, mas vocês é que foderam isto tudo. Tem sido uma festa! E agora ainda querem que a festa continue. À nossa custa. Com a nossa desgraça!" Diz isto e dá uma corrida. Aproveita um automóvel que chega e arruma-o. Estende a mão ao condutor. Recebe uma moeda. Atira-a para o chão, gritando: "Eu não sou arrumador de carros. Fiz isto só para baralhar. Quero que vocês todos se fodam! Arrumem vocês os carros, seus cabrões!"

Faz gestos agressivos, violentos, descontrolados. Fala de Deus - e do Diabo. Diz: "Deus morreu, mas o Diabo não! Vocês são o Diabo. E o mundo que nos dão é o inferno. O Diabo é o único que é feliz no inferno. Por isso, estão felizes. Mas vão pagar isto um dia! Vão pagar!" Subitamente, aparece qualquer coisa na fala daquele homem que perturba a tarde. É como se as suas palavras de maldição viessem do coro de uma tragédia grega. Ou fossem a ameaça de um profeta judeu. De repente, Atenas e Jerusalém estão ali, naquele clamor, naquela rua antiga da cidade que foge do rio.

Oiço-o e caminho. Mesmo à distância, continuo a ouvi-lo. O homem rouco e raivoso continua a gritar. As palavras que grita têm nelas uma praga. Atiradas ao mundo, são um excremento que torna tudo sujo - real.


Texto publicado na edição do Actual de 20 de Março de 2010

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Pot Pourri


POSSARAS que voltou em força a Primavera!!!

"Hoje vimos umas andorinhas nos céus do Cais do Sodré, eram poucas mas gritavam como loucas. Cheirámos o pólen doce das flores que ainda não nasceram, ficámos tontos de tanto licor. Espiámos namorados aos beijos em jardins alcatifados. Comemos morangos ilegais comprados às escondidas, e laranjas com mel vindas da China. Hoje alguém misturou cor de rosa com o azul do céu, e imaginem, ficou bem! Hoje choveu mas o ar estava quente e apeteceu dançar, mesmo sem par. Hoje dissemos adeus ao longo Inverno. A Primavera está aí toda, em calda, já não há volta a dar. As andorinhas estão a chegar…."

by magazine le cool - retirado daqui
(beijos grandeeeeeeeees minha querida Mukanda)


Chii há quanto tempo não dizia/pensava/tibuteava/escrevia esta palavra. Será que existe o sentimento saudade também em relação ás palavras ? Pareceu-me que sim quando hoje me lembrei desta. Alegram-me o coração estes dias quentes e solarentos, com mesclas de perfumes mágicos no ar. Ontem ao fim da tarde fui ver o meu mar. Sentada na areia quente, o Sol afagando-me o rosto, e bebendo o cheiro do verde esperança, lembrei-me destas palavras:

E se inventássemos o mar de volta? e se inventássemos partir, para regressar? Partir e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe… Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar…"

(José Mário Branco, FMI) - retirado daqui
Nunca é demais dizer : amo-te muito minha Filhota

Uma amiga que me é muito querida transcreveu à algum tempo estas palavras no seu blog (uma beijufa daqui até aí "gaja boa onda mesmo")

Alguém pensou, sentiu, viveu e disse:

A vida não é medida pela quantidade de vezes que respiramos, mas pelos momentos que nos tiram a respiração

É uma grande verdade ou não é?

Hoje descobri mais uma vez a extraordinária eficácia desta palavra mágica: POSSARAS !!! Esforcemo-nos para vivermos em paz connosco próprios e com os outros. Se cada um de nós se preocupar apenas em amar os outros e em se tentar aperfeiçoar como ser humano talvez quando um dia desaparecermos possamos ser recordados assim:


RoSaLoBaToFaRiA

Qualquer coisa passou por mim hoje
Uma brisa doce, quente e formosa
Um beijo de despedida, simples como tu
O teu sorriso, em forma de Rosa.
Qualquer coisa ficou mais um pouco
Como o tempo, na sua estrada sinuosa
Da saudade já brotada em cheiro de ti
O teu sorriso, em forma de Rosa.
Qualquer coisa vai nesta paz
A sedução de uma vida bela e airosa
O perfume feminino que dança
O teu sorriso, em forma de Rosa.
Descansas, eu sei, tranquilamente
E do olhar, saberás tomar conta desta prosa
Perto de cada palavra tua, verso sempre em flor
O teu sorriso, em forma de Rosa.

Palavras do meu querido amigo Pedro Branco, transcritas deste blog doutro querido amigo: Rogério Charraz (aproveito e deixo aqui um abraço apertado e um sorriso doce para cada um)

(Foto retirada da Net)

terça-feira, 6 de abril de 2010


Ontem dediquei um post a três pessoas que lembro e que muito me marcaram. O de hoje é dedicado a apenas uma.

Tinha em comum com Che o nome : Ernesto, e a ideologia política. Era o que se costuma chamar de "um homem bonito" e eu gostava especialmente da sua voz. Era-me extraordinariamente bonita a sua voz. Muitissimo inteligente, era um aguerrido defensor do progresso. Vibrava com a evolução tecnológica e dedicava-lhe entusiasmado grande parte do seu tempo. Foi um dos primeiros a ter televisão a cores e a comprar aquela quase aproximação ao computador a que se dava o nome de Spectrum. O enfarte do miocárdio que sofreu aos 45 anos modificou-o. Todos nós amamos a vida e ele ficou com medo de morrer.

Eu tinha seis anos, era filha única, mas deixei de ser importante até para mim própria. Importante mesmo era ele: o meu pai. Não se podia preocupar, não se podia cansar, nem sequer enervar ... sofria do coração !

Cinco anos depois foi-lhe diagnosticada uma doença terrivelmente incapacitante: esclerose em placas, que infelizmente para todos, evoluiu rápida demais. Quando me casei quase já não andava, quando nasceu o meu primeiro filho já nem as mãos conseguia mexer.

Tinha muitos amigos o meu pai, mas no fim dos seu dias poucos já lhe restavam. São assim as pessoas, têm memória curta. Talvez por isso eu teime em não me esquecer do bem que me fazem, e apague rapidamente da minha memória o mal com que alguns gostam de me presentear.

Foram muitos ao seu funeral. Todos eles insistiam em falar das suas qualidades, mas tirando eu, a minha mãe, alguma família mais chegada e um amigo que sempre o acompanhou, todos os outros a quem ele tanto deu, de quem ele tanto gostava, e de quem tanto falava, o abandonaram em vida.

Ensinou-me muita coisa o meu pai ...

P.S. Imagem retirada da net (agradeço ao anónimo(a) que teve a amabilidade de comentar o meu post anterior chamando a atenção para o facto de não ter identificado a fonte de onde foram retiradas algumas partes do texto que ontem escrevi. Foi esquecimento da minha parte, esquecimento do qual peço desde já desculpa a quem se sentiu lesado)

segunda-feira, 5 de abril de 2010

"Germaine Greer 95" de Paula Rêgo

As relações humanas são realmente o que de mais belo e complicado existe no currículo vitalício de cada um.

Sorrio, e algumas vezes até me comovo, com aquilo que me emprestaram, com aquilo que me ofereceram, com aquilo que se esqueceram de levar, com aquilo que, sem prometer, concretizaram e até com aquilo que arrecadaram.

Na verdade, as pessoas estão sempre a surpreender-nos. Quando espero encontrar alguém de difícil trato, que exige uma abordagem contorcionista, lido com pessoas acessíveis, simples, humildes, sinceras, quando julgo ter encontrado alguém com quem posso falar abertamente acabo por encontrar gente que se revela dissimulada, egoísta, orgulhosa, inantigivel, "perfeitinha".

É-me tão inexplicavelmente importante quando me respeitam, quando percebem as minhas limitações, quando valorizam aquilo que sou (e não aquilo que dizem sobre mim) ou aquilo que fiz …

Daqueles que já lembro, guardo as aprendizagens que me proporcionaram. E esses aquecem-me nos dias que alguns outros teimam em tornar gélidos.

P.S. Dedico este post especialmente ao avô António, ao Narciso, e à Silvina .

Podem ler este texto na integra e com algumas alterações aqui