terça-feira, 29 de março de 2011






Podes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui?
Isso depende muito de para onde queres ir - respondeu o gato.
Preocupa-me pouco aonde ir - disse Alice.
Nesse caso, pouco importa o caminho que sigas - replicou o gato.

segunda-feira, 28 de março de 2011

sexta-feira, 25 de março de 2011



A perfeição não existe, mas mesmo que existisse seria uma "grande seca".

UM BOM FIM DE SEMANA , e por favor tentem ser felizes .

quinta-feira, 24 de março de 2011

Uma ideia irrazoável (?) mas pertinente.


Para Eric Cantona, «é muito simples fazer a revolução hoje». Sem sangue, sem armas: cada cidadão vai ao banco e levanta o seu dinheiro, explica o ex-futebolista, chamado de 'Robin dos Bancos' pela imprensa francesa.

«O sistema é o quê? O sistema gira em torno dos bancos. É alicerçado no poder dos bancos. Por isso tem que ser destruído a partir dos bancos», afirmou Cantona numa entrevista em Nantes, no início de Outubro.

«Não creio que se possa ser completamente feliz ao ver a miséria à nossa volta, a não ser que se viva num casulo. Mas há uma possibilidade, algo a fazer», afirmou também o ex-futebolista nessa entrevista, confessando uma «irritação» com os milhões de compatriotas que, em França, durante semanas, protestaram com manifestações e greves contra o novo regime de reformas.

«Hoje em dia, estar na rua significa o quê? Hoje, já não é assim [que se faz]. Não começamos a pegar nas armas, a matar as pessoas, a fazer a revolução. É muito simples fazer a revolução hoje», explicou Cantona.

Se «os três milhões de pessoas que estão na rua com os cartazes, forem ao banco e levantarem o dinheiro deles, os bancos desabam. Três milhões ou dez milhões.». O impacto é seguro. «E, nesse caso, vamos ser ouvidos de outra maneira», antecipou.

O ex-futebolista e treinador de futebol de praia, agora também actor com sucesso nos palcos franceses, foi ouvido por um colectivo franco-belga, que criou uma página na rede social Facebook e abriu depois uma página na Internet, no endereço www.bankrun2010.com, em sete línguas, incluindo português (do Brasil).

«Revolução! No dia 7 de Dezembro vamos levantar o nosso dinheiro dos bancos!», apela o site e mais de 58 mil pessoas uniram-se ao apelo, afirmando que irão levantar as suas economias na terça-feira. Ou, pelo menos, que pensarão um pouco nisso.

A generalidade dos comentadores na imprensa francesa considera a ideia de Cantona inócua em termos de resultados. No entanto, salientam a força «filosófica» e «política» da ideia, que surge num momento de turbulência social em França, onde a mobilização contra o novo regime de aposentações deixou um lastro de indignação e um ar de raiva colectiva no ar.

Uma sondagem publicada a 2 de Dezembro por uma revista de ciências sociais dava conta de que mais de metade dos franceses (53 por cento) se sente ainda «furioso» contra o regime de reformas, aprovado em Outubro pelo Parlamento.

É neste clima tenso que «a iniciativa de Cantona encontra um eco seguro junto dos cidadãos aterrorizados com os planos de austeridade que se estendem pela Europa com o argumento de que é preciso tranquilizar os mercados financeiros e salvar os bancos», referiu a associação altermundialista Attac.

Também Bernard Thibault, líder da Confederação Geral de Trabalhadores, principal rosto dos dois meses de protestos contra o regime de reformas, constata que «hoje não há resposta à altura da exasperação e do descontentamento social que existe nas empresas».

Muitos intelectuais e sindicalistas tinham avisado que a contestação social ia tomar outras formas. «Muitos são os que pretendem agir aqui e agora para mostrar aos governantes que recusam as suas políticas irresponsáveis», declarou também a Attac.

Cantona já ganhou esta partida. A sua ideia pode ser irrazoável mas é pertinente, como resumia na edição de sábado o editorialista do diário Libération.

Lusa / SOL

quarta-feira, 23 de março de 2011

Geração à Rasca - A Nossa Culpa (autor desconhecido.... há quem ponha a hipotese de ser um texto de Mia Couto)

Curioso porque ainda sexta feira passada em conversa com o nosso amigo Manel chegámos a esta mesma conclusão.

Geração à Rasca - A Nossa Culpa

Um dia, isto tinha de acontecer. Existe uma geração à rasca? Existe mais do que uma! Certamente!

Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida. Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações.

A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo. Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.

Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.

Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.

Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes. Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou. Foi então que os pais ficaram à rasca.

Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado. Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais. São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquer coisa phones ou pads, sempre de última geração.

São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar!

A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas.

Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados. Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional.

Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.

Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam.

Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.

Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável. Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada. Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.

Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração?

Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos! Os jovens que detêm estas capacidades -características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).

Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja!, que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.

E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!

Novos e velhos, todos estamos à rasca. Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens. Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles. A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la.

Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam. Haverá mais triste prova do nosso falhanço?

Pode ser que tudo isto não passe de alarmismo, de um exagero meu, de uma generalização injusta. Pode ser que nada/ninguém seja assim.

Autor desconhecido.... (há quem ponha a hipotese de ser um texto de Mia Couto)

terça-feira, 22 de março de 2011


Dedicatória de Bárbara Feio ao pai António Feio no livro "Não deixem nada por fazer, nem nada por fazer APROVEITEM A VIDA".

Ao meu pai, O meu AMOR ETERNO e a minha ADMIRAÇÃO INFINITA. E que as lutas nunca são em vão. Que hoje o coração dói, que a saudade aumenta, mas um dia o tempo suaviza. Que a nossa família é o melhor que temos, e que a sua força e coragem são o exemplo mais emocionante.

Que mesmo numa luta desigual, NÃO DESISTIR é o caminho, e que a urgência serve o propósito de que fique o menos possível por dizer, o menos possível por fazer.

Que os medos podem ser usados de forma positiva e se hoje ajudamos a acabar projectos, amanhã inventaremos novos...

.. Que irónicamente situações-limite podem revelar a verdadeira FELICIDADE, e que as palavras amigas, mesmo de estranhos, confortam mais do que pensávamos.
..




domingo, 20 de março de 2011

No dia Mundial da Poesia - João Monge.


ESPINGARDAS E CEGONHAS

As crianças trazem cegonhas de Paris.
Roubam-nas aos carrosséis de lata e concertina
e fazem-lhes berços de oliveira no alto das chaminés.
Depois brincam de roda no céu
enquanto o calor do pão
aquece o soninho das cegonhas

O meu avô não sabia ler.
Um dia fez-me uma espingarda com uma cana
e disse-me que os poetas conseguem ver as crianças
brincando à volta das chaminés.
Eu perguntei-lhe: o que é um poeta, avô?
E vai ele num repente:
É uma pessoa que vê o que não existe,
escreve o que não se vive,
e faz voar o que nem andar sabe.

Não entendi nada
mas, quando ele me afagou o rosto
e me colocou a espingarda no colo
percebi que um dia podia ser um grande caçador!

Era assim o meu avô…

Isto só vem a propósito
porque tinha a Belmira no telhado.
Vinha todos os anos
e aquecia-se ao calor do pão.

A cegonha Belmira...

Apesar de eu ser um caçador,
embora de calções,
nunca apontei a minha espingarda de cana à Belmira.
Nunca!

João Monge

sexta-feira, 18 de março de 2011

Lua mais próxima da Terra no dia 19 de Março - venha vê-la do terraço do Pátria Lusa


Lua cheia de sábado é a maior dos últimos 18 anos e vai ser um espectáculo para a vista O mundo vai poder observar a maior lua cheia das últimas duas décadas no próximo sábado, dia 19 de Março. Como é véspera de equinócio, quem paga é a Páscoa, que se vê este ano empurrada para mais tarde no calendário. A lua vai parecer invulgarmente maior, porque vai ficar tão próxima da Terra como não acontecia há 18 anos, explicou Rui Jorge Agostinho, diretor do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL).

quinta-feira, 17 de março de 2011



Um tempo que passou
Chico Buarque/Sérgio Godinho

Vou
Uma vez mais
Correr atrás
De todo o meu tempo perdido
Quem sabe, está guardado
Num relógio escondido por quem
Nem avalia o tempo que tem

Ou
Alguém o achou
Examinou
Julgou um tempo sem sentido
Quem sabe, foi usado
E está arrependido o ladrão
Que andou vivendo com o meu quinhão
Ou dorme num arquivo
Um pedaço de vida, vida
A vida que eu não gozei
Eu não respirei
Eu não existia
Mas eu estava vivo
Vivo, vivo
O tempo escorreu
O tempo era meu
E apenas queria
Haver de volta
Cada minuto que passou sem mim

Sim
Encontro enfim
Iguais a mim
Outras pessoas aturdidas
Descubro que são muitas
As horas dessas vidas que estão
Talvez postas em leilão

São
Mais de um milhão
Uma legião
Um carrilhão de horas vivas
Quem sabe, dobram juntas
As dores coletivas, quiçá
No canto mais pungente que há

Ou dançam numa torre
As nossas sobrevidas
Vidas, vidas
A se encantar
A se combinar
Em vidas futuras
Enquanto o vinho corre, corre, corre

Morrem de rir
Mas morrem de rir
Naquelas alturas
Pois sabem que não volta jamais
Um tempo que passou

segunda-feira, 14 de março de 2011