quinta-feira, 8 de outubro de 2009

E-mails ...

São muitos os e-mails que cada um de nós recebe diariamente. A diversificação dos assuntos neles abordados é também ampla. Há dias recebi um, de uma colega de trabalho, que tinha a pretensão de nos esclarecer sobre a substância utilizada (o anis estrelado ou erva doce) para o fabrico do Tamiflu (75% da composição do medicamento), sugerindo-nos a utilização da planta de onde ela é extraída para a obtenção dos mesmos efeitos terapêuticos.

Por mero acaso encontrei este "post" neste Blog que nos permite tirar conclusões sobre este assunto e alertar-nos para o perigo de confiarmos neste tipo de informação que todos os dias nos é oferecida.


Desde os primórdios da humanidade que o homem utiliza as plantas para fins terapêuticos. Muitos medicamentos utilizam princípios activos encontrados em plantas ou deles derivados, como o ácido acetilsalicílico - a aspirina que substituiu o tóxico ácido salícilico em que se transforma no organismo humano a salicilina da casca do salgueiro. Nos últimos tempos, os polifenóis, de que falei brevemente a propósito da «química da felicidade suprema» e do vinho, têm merecido a atenção do público em geral devido à descoberta das suas propriedades anti-oxidantes - são sequestradores (scavengers) de radicais livres, o que inibe inúmeras doenças mediadas por estas espécies.

Há certamente muitas plantas que contêm compostos com inúmeros efeitos benéficos e existirão certamente muitas mais cujo potencial terapêutico não foi ainda descoberto. Mas há igualmente muitas plantas que contam na sua composição compostos tóxicos ou muito tóxicos, incluindo plantas que durante milénios constaram das farmacopeias tradicionais.

Na realidade, o anis estrelado e o «nosso anis mesmo» são plantas completamente diferentes que apresentam apenas em comum o facto de conterem grandes quantidades de anetol. Na realidade também, há duas espécies de anis estrelado, o chinês e o japonês, e se o primeiro pode ser utilizado sem problemas o segundo é extraordinariamente tóxico, ou antes, alguns dos compostos naturais que contém, como o anisatin, são mortais se consumidos em doses não muito elevadas.

Curiosamente, o composto que de facto ambos os anises apresentam em comum, o anetol, também pode ser precursor de outro composto muito conhecido, infelizmente por outras razões: a para-metoxi-anfetamina (PMA), vulgo Ecstasy. Dizer que um cházinho de erva-doce previne ou «cura» a gripe A é assim completamente idiota e quem receber o referido mail ou suas variantes, por favor, não transmita aos mais incautos desinformação que pode ter consequências graves.

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