quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Admiro quem tem esse dom, porque na verdade é de um dom que se trata...

Abre gaveta, fecha gaveta, duas horas a mexer sem sentido, tira e volta a pôr, olha sem ver...
Não me lembro, não sei, já não sei! Onde estou ? Para onde vou ?

Não tenho esse dom, possivelmente não nasci com ele e não estou capacitada para o adquirir ... Tento ficar serena, tento não sofrer, mas perturba-me, sempre me perturbou. Sofro pela minha impotência, pela minha incapacidade de resolver.

Não há desculpa para esta minha falta de capacidade. Contactar durante anos, desde pequenita ainda, primeiro diariamente e depois quase diariamente com ela, não é desculpa. Tantos médicos, tantas enfermeiras, tantos auxiliares vivem a sua vida em contacto com quem se encontra mentalmente perturbado. Nenhum deles sofre, nenhum deles absorve a loucura dos outros.

Admiro-os! Gostava de ser como eles! tento mas não consigo ... continuo, como sempre que me era possível fiz, a imitar os já famosos de outras lides, ouriços, quando se sentem ameaçados. Enrolo-me sobre mim mesma, cubro-me com a carapaça de espinhos, tento não ver, tento não sentir, tento não sofrer, sempre que posso...

2 comentários:

Leticia Gabian disse...

São defesas, amiga! Cada um se defende como pode e como sabe.
Ajuda botar pra fora o que nos inomoda...Usa o "carnaval" e exorcisa os teus demônios.

Beijos imensos

Maria disse...

Eu acho que faço exactamente o contrário... Mas visto uma carapaça que vai engrossando com o tempo, para auto-defesa, pois!

Beijos