domingo, 18 de setembro de 2011

A traça do passado é tão confusa mas tão límpida a lembrança dos afectos

Tenho tido ultimamente o privilégio de presenciar inúmeros momentos de AFECTOS. Momentos que sou incapaz de esquecer, que me dão força para ultrapassar dificuldades, para esquecer decepções. A todos os que ultimamente me têm comovido por teimosamente continuarem a oferecer aos outros (a tantos outros) afecto, o meu muito obrigada. A todos os que oferecem momentos inesquecíveis a quem tem apenas como companhia a solidão e/ou a rotina o meu muito obrigada. A todos os que sabem da importância dos afectos, o meu muito obrigada.

Porque a única coisa realmente importante nas nossas vidas é a nossa capacidade em oferecer AFECTOS!!!


Os Afectos
Sérgio Godinho

Ah, quanta mágoa repetida
Ah, quantos sonos incompletos
Mas oh, quanta palavra tomou vida
Na nascente dos afectos
Desorganizados alfabetos

Não sabe ler neles quem pensa
nem lhe conhece bem as cores
quem por secundários os dispensa
aos afectos medidores
do corpo e da alma e seus sabores

Porque o quadrado da hipotenusa
é igual a já não sei quê dos catetos
a traça do passado é tão confusa
mas tão límpida a lembrança dos afectos
são fartos e temíveis
são as cordas sensíveis
quietos irrequietos
p´ra sempre
politicamente incorrectos
os afectos, os afectos

Era de uma espécie quase extinta
foi encontrada adormecida
a cara talvez em paz, talvez faminta
esperando a investida
de um só beijo que a devolva à vida

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