quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010


O Carnaval do Arlequim, de Joan Miró


Somos um país dado a festividades populares, algumas de origem pagã. Morreram já umas, mas renasceram outras, de cariz político, com sinos, guizos e pandeiretas sofisticados, ensurdecedores mesmo, que amplificam a demagogia e a mistificação da realidade e se tornaram caricatura de todos os traumas nacionais. Este carnaval acampou na política e nos meios de comunicação. Cada um toca com mais força que o outro, o som da mentira é a banalização do mal, ninguém se respeita, a bandalheira é medalha de notoriedade.

Ciclicamente, parece que foi sempre assim. Vai-se à Campanha alegre do Eça e lá está o século XIX transposto para os dias de hoje: «O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já não se crê na honestidade dos homens públicos».

Retirado integralmente daqui

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