segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Hoje apetece-me falar das palavras. De como podem ser belas, ou feias, doces ou cruéis, frágeis ou fortes. Do significado que têm para ti, tão diferente ou tão igual ao significado que podem ter para mim. Das imagens e dos sentimentos que carregam. Da mensagem que quer transmitir quem as diz ou escreve e da mensagem entendida por quem as ouve ou lê. Hoje apeteceu-me falar-vos da magia das palavras.

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade

1 comentário:

Leticia Gabian disse...

Beleza, Isabelita!
Beijão