quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Era estranha e incómoda aquela sensação. Bem no meio da garganta um nó. A sua imponência impedia a saída da voz, mantendo-a presa, impotente e incapaz de destruir aquele obstáculo gigantesco. Os olhos eram invadidos pelas sensações, tornavam-se os únicos porta voz das emoções, mantendo-se perturbadora aquela estranha incapacidade de aniquilar o que impedia que se soltassem os sons, que se libertassem as palavras que permitiriam exprimir com exactidão os sentimentos. Para a contornar sorria, e usando o sorriso apercebi-me da sua importância.

Mantém-se a timidez, o nó continua por aqui, e cada vez mais apertado. A pouco e pouco fui aprendendo a viver com ele, a ignorá-lo, a dominá-lo. Com o passar dos anos, diminuiu o seu tamanho, o espaço que ocupa dentro de mim, permitindo agora algum fluir de palavras. Talvez por isso, hoje como ontem, continue a preferir exprimir-me escrevendo. Sei que palavras não substituem sorrisos, por isso continuo a sorrir. Os olhos, esses, continuam a teimosamente suplantar e trucidar as palavras .

6 comentários:

zmsantos disse...

Pois é amiga, há nós que por mais que se queira não se desatam (a Lua que o diga). Mas falar, por vezes, nem é o mais importante. Quantas vezes o silêncio é um grito desmedido que nenhuma garganta poderá fazer sair.

Beijos e sorrisos...

MisteriosaLua disse...

Mais do que ver-te sorrir, adoro ouvir-te gargalhar! Em relação aos silêncios, amiga, nunca te vais ver livre deles, por isso aprende a viver com eles, e mais importante que isso, aprende a disfrutá-los! Há quem não consiga...

Leticia Gabian disse...

De uma maneira muito simplista, digo que o ato de falar, muitas vezes, é para que, pura e simplesmente, escutemos a nós próprios e o ato de calar é para que possamos escutar o outro.

Beijo grande

Maria disse...

Há nós que NUNCA se desatam. Outros desatam-se com o tempo...
Eu prefiro mesmo o silêncio (embora às vezes possa não parecer...)
:))

Beijos

Zé dos Anzóis disse...

Se há uma coisa que aprendi com o tempo que "gasto" na pesca acerca dos nós é que não há nós impossíveis de desatar, apenas alguns requerem de nós mais tempo, paciência e dedicação.
Beijo
Za

Cravo a Canela disse...

Tem pescador que é sábio...