Há 30 anos 0 25 de Abril, que nos trouxe a liberdade de expressão e a igualdade tinha acontecido à 4 . Estávamos no auge da mudança. Aprendíamos novas maneiras de pensar, novas maneiras de viver, sem algemas, sem mordaças.
Há 30 anos eu tinha 20. Usava calças à boca de sino, flores bordadas na roupa, flores coladas no cabelo e nos ideais. Igualdade, amor e fraternidade eram as palavras de ordem, e delas fiz minha bandeira, interiorizando-as até hoje.
Há 30 anos ouvia esta canção do José Mário Branco e pensava que nunca, mas mesmo nunca, eu haveria de ser Marta, sofrendo por todas as mulheres que não tinham conseguido manter-se Mariazinhas durante a sua vida. Durante trinta anos tenho tido a meu lado alguém que pensa como eu. Durante trinta anos nem por uma vez deixei de me sentir Mariazinha.
Aqui dentro de casa
Há 30 anos eu tinha 20. Usava calças à boca de sino, flores bordadas na roupa, flores coladas no cabelo e nos ideais. Igualdade, amor e fraternidade eram as palavras de ordem, e delas fiz minha bandeira, interiorizando-as até hoje.
Há 30 anos ouvia esta canção do José Mário Branco e pensava que nunca, mas mesmo nunca, eu haveria de ser Marta, sofrendo por todas as mulheres que não tinham conseguido manter-se Mariazinhas durante a sua vida. Durante trinta anos tenho tido a meu lado alguém que pensa como eu. Durante trinta anos nem por uma vez deixei de me sentir Mariazinha.
Aqui dentro de casa
Foi há tantos anos, foi há dois mil anos
Que vi no amor o meu Cristo
Que me mostraste um amor imprevisto
Que me falaste na pele e no corpo a sorrir
Meus olhos fechados, mudos, espantados
Te ouviram como se apagasses
A luz do dia ou a luta de classes
Meus olhos verdes ceguinhos de todo para te servir
Mariazinha fui, em Marta me tornei
Vou daquilo que fui pr'aquilo que serei
Filhos e cadilhos, panelas e fundilhos
Meteste as minhas mãos à obra
E encontraste momentos de sobra
Para evitar que o meu corpo pensasse na vida
Meus olhos fechados, mudos e cansados
Não viam se verso, se prosa
O meu suor era o teu mar de rosas
Meus olhos verdes, janelas de vida fechados por ti
Mariazinha fui, em Marta me tornei
Vou daquilo que fui pr'aquilo que serei
Pegas-me na mão e falas do patrão
Que te paga um salário de fome
O teu patrão que te rouba o que come
Falas contigo sozinho para desabafar
Meus olhos parados, mudos e cansados
Não podem ouvir o que dizes
E fico à espera que me socializes
Meus olhos verdes
Boneca privada do teu bem estar
Mariazinha fui, em Marta me tornei
Vou daquilo que fui pr'aquilo que serei
Sou tua criada boa e dedicada
Na praça, na casa e na cama
Tu só vês quando vestes pijama
Mas não me ouves se digo que quero existir
Meus olhos cansados ficam acordados
De noite chorando esta sorte
De ser escrava prá vida e prá morte
Meus olhos verdes
Vermelhos de raiva para te servir
A tua vontade, justiça igualdade
Não chega aqui dentro de casa
Eu só te sirvo para a maré vaza
Mas eu já sinto a minha maré cheia a subir
Meus olhos cansados abrem-se espantados
Prá vida de que me falavas
Pra combater contra os donos de escravas
Meus olhos verdes
Que te vão falar e que tu vais ouvir
Mariazinha fui, em Marta me tornei
Sei aquilo que fui e que jamais serei
Mariazinha fui, em Marta me tornei
Sei aquilo que fui e que jamais serei
Que vi no amor o meu Cristo
Que me mostraste um amor imprevisto
Que me falaste na pele e no corpo a sorrir
Meus olhos fechados, mudos, espantados
Te ouviram como se apagasses
A luz do dia ou a luta de classes
Meus olhos verdes ceguinhos de todo para te servir
Mariazinha fui, em Marta me tornei
Vou daquilo que fui pr'aquilo que serei
Filhos e cadilhos, panelas e fundilhos
Meteste as minhas mãos à obra
E encontraste momentos de sobra
Para evitar que o meu corpo pensasse na vida
Meus olhos fechados, mudos e cansados
Não viam se verso, se prosa
O meu suor era o teu mar de rosas
Meus olhos verdes, janelas de vida fechados por ti
Mariazinha fui, em Marta me tornei
Vou daquilo que fui pr'aquilo que serei
Pegas-me na mão e falas do patrão
Que te paga um salário de fome
O teu patrão que te rouba o que come
Falas contigo sozinho para desabafar
Meus olhos parados, mudos e cansados
Não podem ouvir o que dizes
E fico à espera que me socializes
Meus olhos verdes
Boneca privada do teu bem estar
Mariazinha fui, em Marta me tornei
Vou daquilo que fui pr'aquilo que serei
Sou tua criada boa e dedicada
Na praça, na casa e na cama
Tu só vês quando vestes pijama
Mas não me ouves se digo que quero existir
Meus olhos cansados ficam acordados
De noite chorando esta sorte
De ser escrava prá vida e prá morte
Meus olhos verdes
Vermelhos de raiva para te servir
A tua vontade, justiça igualdade
Não chega aqui dentro de casa
Eu só te sirvo para a maré vaza
Mas eu já sinto a minha maré cheia a subir
Meus olhos cansados abrem-se espantados
Prá vida de que me falavas
Pra combater contra os donos de escravas
Meus olhos verdes
Que te vão falar e que tu vais ouvir
Mariazinha fui, em Marta me tornei
Sei aquilo que fui e que jamais serei
Mariazinha fui, em Marta me tornei
Sei aquilo que fui e que jamais serei
6 comentários:
O Paulo de Carvalho cantava que "dez anos é muito tempo", trinta ainda são mais.
Parabéns pela forma bonita como vivem a vossa relação, e pelos seus lindos frutos!
Quando eu for grande, quero ser como vocês!
Beijinhos grandes a cada um!
Puxa! Maravilha, amiga!
Fico tão feliz quando me deparo com casais que têm uma história linda e rica como a de vocês!
Parabéns pelos 30 anos e obrigada pela lição de vida a dois.
Beijos grandes nos dois corações
Não vi este post e deixei-te os parabéns no post anterior...
Mas agora que ele se anunciou, estou aqui outra vez, é claro.
Parabéns à Mariazinha que nunca virou Marta!
Parabéns a ti e ao João, que são um casal tão bonito...
Beijos, amiga, também para o João
E até amanhã!
Parabens aos dois, mas em especial ao João, pois só um grande homem consegue fazer com a mulher diga tais coisas.
Za
Agradecemos a todos as palavras, o carinho e a amizade.
Muitos beijos e abraços
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