quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Todos diferentes, todos iguais !!!

 
Dizem que os cães são a imagem dos donos. Até agora tive quatro, todos tinham em comum a simpatia , a bondade e a entrega total por todos nós.
O primeiro, um rafeiro castanho, comprido e de patas baixas foi encontrado abandonado. Acompanhou o nascimento e o crescimento dos meus filhos durante quinze anos, com a idade foi ficando surdo, por isso foi atropelado e morreu na operação para o salvar. Dele ficaram-nos imensas memórias inesquecíveis, destaco apenas o momento em que na precisa altura em que o nosso gato Pantufa se preparava para saltar sobre uma pomba que tínhamos acolhido, o nosso Biscas estratégicamente se colocou entre os dois, para que a pombita não pudesse ser atacada.
O segundo, o Freddy, lindo, dourado de porte médio e pêlo comprido, possivelmente arraçado de cocker, foi também encontrado perdido. Um "fujão" por natureza, trepava e cortava com os dentes as redes que fomos obrigados a colocar à volta da casa. De vez em quando dava-lhe aquela vontade de encontrar uma namorada e nada que fizéssemos o impedia de fugir. Voltava sempre, demorava uma ou duas semanas e uma das vezes até um mês, quase sempre ferido, sujo, mas cheio de saudades dos donos. Era um verdadeiro doce, meigo para todos, animais ou pessoas. Morreu a dormir, tinha 16 anos.
 
 
A Bianca um labrador preto foi-me oferecida. Não sou capaz de encontrar as palavras exatas para a descrever. Uma grande companheira que nos tem acompanhado de há 9 anos a esta parte. Férias só em locais onde aceitassem cães. Adora água, e nadar é o que mais prazer lhe dá fazer, é a nossa "foquinha". A trela serve para levar na boca e quem por nós passa e a vê, exclama sempre "olha é o cão que leva os donos e não os donos que passeiam o cão". Pródiga em ser obediente é capaz de ficar sentada quieta, com a trela na boca durante horas, enquanto entramos num café, ou qualquer tipo de estabelecimento onde não seja permitido entrarem cães. Tão doce, tão amiga e tão calma a minha Bianca. Os meus últimos 9 anos de vida estão marcados pela sua companhia. Foi-lhe diagnosticado um "carcinoma maligno de alto grau de malignidade e com metastização linfática". Tem 40% de hipoteses de sobreviver. Foi operada ontem e não sabemos como vai ser a evolução da doença. Sei que como qualquer ser vivo não merece sofrer, sei que quando chegar o momento dela partir  eu estarei ao lado dela, sem chorar, para que vá feliz, e o que mais gostaria de lhe oferecer nesse momento eram o cheiro e a "música" do mar.

Tenho agora a Nicky, de 9 meses, um labrador amarelo muito agitada e vivaça, meiga, simpática e muito amiga, não tem aquela adoração pela água que tem a nossa "foquinha", não passeia com a trela na boca, não se senta horas a fio imóvel à porta de um café à espera dos donos. Talvez um dia ela faça isso ou talvez não, adora-nos e isso é importante, mas acima de tudo é uma grande companhia nos momentos de solidão, e a pouco a pouco vamos descobrindo todas as facetas em que é exímia e que a fazem tão especial. 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Agora estão me levando mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém, ninguém se importa comigo ... Bertolt Brecht

Inquietação, uma inusitada inquietação e uma profunda tristeza é o que sinto neste momento.

Como vai ser o futuro do meu país e dos portugueses ?

A linha S.O.S Vida pede voluntários para conseguirem dar resposta aos apelos de ajuda, de todos os desempregados, de todos os que perderam as suas casas, de todos os que não têm dinheiro nem sequer para comer, de todos os que pensam que a sua única saída é o suicídio.

Os nossos (des)governantes continuam a oferecer-nos mais do mesmo, sem sequer se darem ao trabalho de fingir darem o exemplo, continuando a viver com todas as mordomias com que sempre viveram.

O povo português continua a aceitar pacificamente todos os sacrifícios que lhe são impingidos.

No Facebook continuam a proliferar os posts habituais que demonstram como as pessoas continuam apenas a preocupar-se com os seus "gigantescos" problemas particulares:

Que é feito da solidariedade ? Será que ainda tão poucos perceberam que há tanta gente à nossa volta a precisar do nosso apoio? Será que os portugueses se esqueceram da urgência de nos unirmos e lutarmos pelos direitos que conquistámos com tanto esforço e que nos estão a ser roubados um a um até nenhum deles restar ? Será que os portugueses deixaram de acreditar que a união faz a força ? É urgente unirmo-nos todos, sem excepções, e lutarmos pelos nossos direitos e pelo nosso futuro, o futuro dos nossos filhos e dos nossos netos, o futuro do nosso Portugal.
 
Deixo-vos com um texto de Bertolt Brecht, leiam-no com atenção, interiorizem-no, absorvam-no. Talvez ainda seja possível salvarmos Portugal ...