segunda-feira, 14 de dezembro de 2009


Sóbrio e puro

Dei-vos cartas e rosas,
nunca me deram cartas e rosas;
apresentei-vos Beethoven,
nunca me apresentaram a ninguém;
dei-vos chocolates,
nunca me deram uma ameixa;
ao papá, dei-lhe versos,
deu-me um soco da última vez que o vi.
Ai! Vou procurar outra família, chega!
Só a poesia demora. Mas há um pacto entre nós: "sempre que estejas sóbrio e puro", disse-me ela aos 25 anos, "serei tua".
E eu não estou!
Tenho pouco dinheiro, poucos amigos - morrem com uma infidelidade quase descarada, e deixam-me cada vez mais só. E não resisto a saber como estão os outros, a ir vê-los, antes que me deixem, também.


Sebastião Alba

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