quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Os livros !!!


Diz-se que as conversas são como as cerejas, creio que as lembranças e os pensamentos também. A velocidade com que somos obrigados a viver a vida obriga-nos muitas vezes a adormecer as recordações. Basta no entanto por vezes uma palavra, um gesto, para as acordarmos dentro de nós. Foi o que me aconteceu hoje com um post de uma amiga.

"A invenção do amor" de Daniel Filipe. Até a capa é igual. " inventaram o amor com carácter de urgência deixando cair dos ombros o fardo incómodo da monotonia" ..."É preciso encontrá-los antes que seja tarde, antes que o exemplo frutifique, antes que a invenção do amor se processe em cadeia"... "Está em jogo o destino da civilização que construímos, o destino das máquinas das bombas de hidrogénio das normas de discriminação racial,o futuro da estrutura industrial de que nos orgulhamos, a verdade incontroversa das declarações políticas." ..."Importa descobri-los onde quer que se escondam antes que seja demasiado tarde e o amor como um rio inunde as alamedas praças becos calçadas quebrando nas esquinas". Num tempo em que nos negavam todos os direitos, até o direito ao amor nos era proibido. Um dos poemas que mais me marcou e que mais me influenciou no meu modo de estar na vida.

Lembro-me da alegria que tinha ainda criança, e mais tarde já adolescente, quando me ofereciam um livro, lembro-me das prendas que pedia no Natal e nos anos : livros !!!. Lembro-me da sofreguidão com que os devorava, sem intervalos. As refeições eram deglutidas com os livros à minha frente sem conseguir parar de os ler (ainda hoje tenho dificuldade em fazer intervalos quando os leio). Lembro-me de todas as noites ler livros aos meus filhos antes de adormecerem, primeiro histórias e contos, mais tarde livros mais sérios, e sei que eles se lembram ainda, de muitos desses livros que lhes li.

Hoje os livros foram substituídos pela televisão ou pelas consolas de jogos onde impera a violência. A maior parte das crianças dos nossos dias não é ensinada a gostar de ler. Tenho pena, muita pena, e a secreta esperança (como optimista que sou) que mais tarde ou mais cedo se inverta esta situação, e que o livro volte a ter para todos a importância que lhe é devida.

P.S. Mais uma vez peço desculpa pelo atrevimento, mas quando as recordações têm o peso que esta tem é dificil silenciar os pensamentos.

4 comentários:

Maria disse...

Não é atrevimento nenhum, ó miga...
Este livro marcou um tempo. E ainda que nos trás memórias, porque esta Memória faz parte da nossa História.
Ainda te hei-de ver a ler estórias aos teus netos...

:))))
Beijos

A CONCORRÊNCIA disse...

Ó pá essa coisa dos netos está de gesso, possaras. O JC até já lhes tentou explicar (teoricamente claro) como se faz, mas cá pra mim, eles não o devem ter ouvido com muita atenção ... Lol !!!

Beijo e obrigada por me teres feito recordar ...

Lídia Borges disse...

Revejo-me, por inteiro, no modo de pensar expresso nestas suas palavras...




L.B.

A CONCORRÊNCIA disse...

Se todos pensassem como nós deixaria de existir esta falta de cultura que tanto me aflige.

Obrigada pelas palavras de apoio e benvinda a este meu cantinho da blogosfera.