VINHA MORTA
Aqui foi uma vinha.
Comi das suas uvas e bebi
do vinho que essas uvas deram
e temperei saladas
com o vinagre em que esse vinho
se tornou.
Por isso – ainda que hoje as cepas tortuosas,
privadas de todo o verde,
que esbracejam como tendo naufragado
no pérfido mar ocre pálido
do voraz capim do Outono,
lembrem mais que nunca ossadas negras
que o tempo profanou e retorceu –
de algum modo
a vinha está morta e não está:
perdura viva em mim.
Isto, bem entendido, enquanto eu próprio
for algo em que algo possa perdurar.
Depois disso, perdurará naquilo
em que eu mesmo perdure.
A. M. Pires Cabral
5 comentários:
E pelo título eu pensava que "estavas morta" da brincadeira de ontem, hehehehehehe...
Depois vi que era um belo poema que eu não conhecia...
Bom dia1 E refaz-te!
Beijoca
As coisas sempre mudam, mas estarão vivas enquanto um sopro de memória as eternizar.
Um beijo
Esta vinha não morrerá! Muito bonito!
Boa semana!
Abraço
E como será a memória que os outros terão de nós ? e por quanto tempo perduraremos na memória dos outros.
Beijos para todos e obrigada por terem passado por aqui.
P.S. Maria é muito estranho mas não estou cansada sabes ?
Repetia hoje e amanhã e todos os dias.
E como será a memória que os outros terão de nós ? e por quanto tempo perduraremos na memória dos outros.
Beijos para todos e obrigada por terem passado por aqui.
P.S. Maria é muito estranho mas não estou cansada sabes ?
Repetia hoje e amanhã e todos os dias.
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