segunda-feira, 13 de julho de 2009


VINHA MORTA

Aqui foi uma vinha.

Comi das suas uvas e bebi
do vinho que essas uvas deram
e temperei saladas
com o vinagre em que esse vinho
se tornou.

Por isso – ainda que hoje as cepas tortuosas,
privadas de todo o verde,
que esbracejam como tendo naufragado
no pérfido mar ocre pálido
do voraz capim do Outono,
lembrem mais que nunca ossadas negras
que o tempo profanou e retorceu –

de algum modo
a vinha está morta e não está:
perdura viva em mim.

Isto, bem entendido, enquanto eu próprio
for algo em que algo possa perdurar.

Depois disso, perdurará naquilo
em que eu mesmo perdure.

A. M. Pires Cabral

5 comentários:

Maria disse...

E pelo título eu pensava que "estavas morta" da brincadeira de ontem, hehehehehehe...
Depois vi que era um belo poema que eu não conhecia...

Bom dia1 E refaz-te!

Beijoca

Lídia Borges disse...

As coisas sempre mudam, mas estarão vivas enquanto um sopro de memória as eternizar.



Um beijo

PoesiaMGD disse...

Esta vinha não morrerá! Muito bonito!
Boa semana!
Abraço

A CONCORRÊNCIA disse...

E como será a memória que os outros terão de nós ? e por quanto tempo perduraremos na memória dos outros.

Beijos para todos e obrigada por terem passado por aqui.

P.S. Maria é muito estranho mas não estou cansada sabes ?
Repetia hoje e amanhã e todos os dias.

A CONCORRÊNCIA disse...

E como será a memória que os outros terão de nós ? e por quanto tempo perduraremos na memória dos outros.

Beijos para todos e obrigada por terem passado por aqui.

P.S. Maria é muito estranho mas não estou cansada sabes ?
Repetia hoje e amanhã e todos os dias.