quinta-feira, 4 de junho de 2009

Uma história de amor para ti, a minha bailarina ...


A história de uma bailarina e de um pirilampo

Havia uma bailarina. E havia também um pirilampo.

A bailarina morava na caixinha de música da prateleira da estante. O pirilampo morava ao lado, dentro da garrafa de vidro que o prendia naquele quarto.

Tão próximos quanto distantes, a bailarina e o pirilampo viam passar os dias.

Ela, de porcelana, girava sempre que davam corda à sua caixinha. Os braços erguidos, as pernas dobradas, na direcção daquele vidro, onde havia sempre luz, mesmo quando as luzes eram apagadas.

A bailarina dançava para ver o pirilampo brilhar. E ela parecia sorrir quando a noite se erguia no céu, porque era justamente no escuro, que os pequenos pontos luminosos se tornavam mais fascinantes.

Não havia lógica no seu raciocínio. Mas as bonecas de porcelana não raciocinam. Tudo o que ela sabia, era que pouco a pouco, havia nascido uma dependência. Algo desconhecido.

O pirilampo preso naquela garrafa, e ela, sua prisioneira. Ele iluminava os passos da dança decorada. Ela musicava os ritmos das piscadelas de luz. E a vida caminhava em frente. Noite após noite. Até ao dia em que a garrafa foi aberta. E o pirilampo ficou livre.

Liberdade não significa partir, mas apenas poder escolher entre fazer, ou não, essa partida. E o pirilampo não fez. Permaneceu batendo no vidro, como se casualmente chamasse alguém para partir com ele. Tudo o que ele sabia, era que pouco a pouco, havia nascido uma dependência. Um algo indecifrável.

A bailarina presa naquela caixinha de música, e o pirilampo, seu prisioneiro. Ela girando, vendo-o à sua espera, tentando entender; tentando achar um motivo que justificasse aquele peso na sua dança. A bailarina queria ter asas também. O som perdera a graciosidade. Até que o escuro perdeu completamente a luz. O pirilampo voou.

Naquela janela, acima da prateleira, atrás da mesma garrafa aberta, ele voou. Esperas de amor não duram para sempre. O pirilampo voou piscando. Como água que escorre entre as mãos. Como um balão ganhando o céu. Mas a caixinha de música continuou tocando na escuridão.

E ao ser aberta, contou o final da história. Porque onde supostamente haveria uma bailarina, havia somente o vazio. E um par de sapatilhas, girando sem dona.

6 comentários:

Joana Correia disse...

Ai, que já me fizeste chorar...
Não te preocupes, eu não vou deixar entrar esse vazio dentro de mim. :D

Obrigada por tudo.

Adoro-te!

Beijo do tamanho do meu amor por ti.

Maria disse...

Bolas, até eu me comovi...
Não sei é se o pirilampo vai gostar do que lhe chamaste...
:)))

Beijos

Rogério Charraz disse...

De certeza que a bailarina da história não era igual à tua, senão o pirilampo nunca se atreveria a pirar-se... a não ser que fosse um Pirigay!

Pedro Branco disse...

Fogo! Conseguiste comover a Maria!!!!

Eheheheh

Um beijinho grande e... saudade!

A CONCORRÊNCIA disse...

Gosto de escrever histórias, gosto mesmo muito de escrever histórias.

Engraçado como cada um absorve e retira de cada história o que nela há de nós.

Beijos para todos, e saudades pois claro.

Leticia Gabian disse...

Pirigay...Essa foi demais....Hehehe!
Também adoro escrever histórias, amiga. Só que as letras andam de férias, enquanto absorvo tudo que me oferece esta minha nova vida. Mas, eu volto!

Beijos enormes a ti e aos teus "personagens"