Não sei quando, onde nem porquê. Senti-o agora, neste momento, neste milésimo de segundo. Ouvi-o e não fui capaz de o sentir. Tento agora lembrar-me da última vez que o senti. Mas o tempo passa vertiginosamente, tal e qual a vida. Temos uma memória selectiva. Memorizamos acontecimentos que nos marcam. Tento não relembrar os que me provocam dor. Surgem e desaparecem, é assim que me defendo. A dificuldade está em marcar na memória a última vez, o derradeiro momento, se não o tivermos sentido assim.
Não me assusta ter deixado de o sentir agora, neste momento, neste milésimo de segundo, assusta-me apenas que o possa ter abolido para sempre. Será que não me fará falta ? como posso saber se nunca vivi sem ele ?Assusta-me quase não saber a razão. Ou talvez saber a razão. Assusta-me não saber se o voltarei a sentir.
Agora, neste momento, neste milésimo de segundo, o vento assobia na janela do meu quarto, e eu descobri que deixei de ter medo do vento.
Agora, neste momento, neste milésimo de segundo eu descobri que há quem nunca tenha tido medo do vento e para esses, para aqueles que amam o vento eu deixo-o assobiar na minha janela sem sentir medo dele.
P.S. Por ti , para que te possa trazer boas notícias...
3 comentários:
Isabel,
A nossa mente, a nossa memória guarda sempre mistérios quase insondáveis ... como o facto de podermos conservar por muito, muito tempo pequenas fracçoes de tempo que vivemos, expressas por emoçoes, cheiros, sentidos ... que recordamos claramente anos e anos depois ... e como esquecemos completamente outras que vivemos há escassas horas ...
É o maravilhoso da selecçao que é feita ... é uma parte importante que nos aquece em determinados momentos ... :)
Beijocas :)
Aquilo que te dei, que aqui é chamado de "espanta espíritos", lá é chamado de "mensageiro do vento"...Então, sempre que ele balançar e fizer barulhinhos, saiba que é o vento a lhe trazer as notícias que gostaria de receber.
Beijo grande grande grande grande
Este vento é teimoso... mas temos de acreditar!
Beijo grande
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