quinta-feira, 9 de abril de 2009



Não sei quando, onde nem porquê. Senti-o agora, neste momento, neste milésimo de segundo. Ouvi-o e não fui capaz de o sentir. Tento agora lembrar-me da última vez que o senti. Mas o tempo passa vertiginosamente, tal e qual a vida. Temos uma memória selectiva. Memorizamos acontecimentos que nos marcam. Tento não relembrar os que me provocam dor. Surgem e desaparecem, é assim que me defendo. A dificuldade está em marcar na memória a última vez, o derradeiro momento, se não o tivermos sentido assim.

Não me assusta ter deixado de o sentir agora, neste momento, neste milésimo de segundo, assusta-me apenas que o possa ter abolido para sempre. Será que não me fará falta ? como posso saber se nunca vivi sem ele ?Assusta-me quase não saber a razão. Ou talvez saber a razão. Assusta-me não saber se o voltarei a sentir.

Agora, neste momento, neste milésimo de segundo, o vento assobia na janela do meu quarto, e eu descobri que deixei de ter medo do vento.

Agora, neste momento, neste milésimo de segundo eu descobri que há quem nunca tenha tido medo do vento e para esses, para aqueles que amam o vento eu deixo-o assobiar na minha janela sem sentir medo dele.

P.S. Por ti , para que te possa trazer boas notícias...

3 comentários:

Carol disse...

Isabel,

A nossa mente, a nossa memória guarda sempre mistérios quase insondáveis ... como o facto de podermos conservar por muito, muito tempo pequenas fracçoes de tempo que vivemos, expressas por emoçoes, cheiros, sentidos ... que recordamos claramente anos e anos depois ... e como esquecemos completamente outras que vivemos há escassas horas ...

É o maravilhoso da selecçao que é feita ... é uma parte importante que nos aquece em determinados momentos ... :)

Beijocas :)

Leticia Gabian disse...

Aquilo que te dei, que aqui é chamado de "espanta espíritos", lá é chamado de "mensageiro do vento"...Então, sempre que ele balançar e fizer barulhinhos, saiba que é o vento a lhe trazer as notícias que gostaria de receber.

Beijo grande grande grande grande

Joana Correia disse...

Este vento é teimoso... mas temos de acreditar!

Beijo grande