sexta-feira, 27 de maio de 2011

Esta é a minha música para hoje ...




Saber o que fazer,

Com isto a acontecer,

Num caso como o meu.

Ter o meu amor,

Para dar e pra vender,

Mas sei que vou ficar,

Por ter o que eu não tenho,

Eu sei que vou ficar.

É de pedir aos céus,

A mim, a ti e a Deus,

Que eu quero ser feliz,

É de pedir aos céus.

Porque este amor é meu,

E cedo, vou saber

Que triste é viver,

Que sina, ai, que amor,

Já nem vou mais chorar,

Gritar, ligar, voltar,

A máquina parou,

Deixou de tocar.

Sentir e não mentir,

Amar e querer ficar,

Que pena é ver-te assim,

Já sem saberes de ti.

Rasguei o teu perdão,

Quis ser o que já fui,

Eu não vou mais fugir,

A viagem começou,

Porque este amor é meu

E cedo vou saber,

Que triste é viver,

Que sina, ai, que amor.

Já nem vou mais chorar,

Gritar, ligar, voltar,

A máquina parou.

Deixou de tocar,

É de pedir aos céus,

A mim, a ti e a Deus,

Que eu quero é ser feliz,

É de pedir aos céus.

Porque este amor é teu,

E eu já só vou amar,

Que bom não acabou,

A máquina acordou.

quarta-feira, 25 de maio de 2011


Se ao menos a gente pudesse viver com as coisas mais simples em vez de recordar as complicadas. Voltar à pobreza do elementar: luz, água, pedra. O avô de alguém que me é querido dizia de uma pessoa boa É bom como o pão e ao lado disto que maior elogio se pode fazer? A nossa língua torna-se maravilhosa com palavras como estas É bom como o pão e lembro-me das mulheres que beijavam o pão duro antes de o deitar fora, da minha avó que se horrorizava ao ver um pão ao contrário: punha-o logo direito a pedir desculpa em silêncio, movendo a boca. Sempre me senti bem nas padarias: o cheiro, o lume, os padeiros enfarinhados que eu achava, acho ainda, serem anjos que se transviaram, de braços cobertos por uma poeira celeste. Tudo neles era branco até as sobrancelhas, as pestanas. O olhar branco também. Os gestos. Não olhos cegos, olhos brancos. E eu à porta a espantar-me. O eco das vozes nos tijolos, dos passos, da lenha no forno. Bom como o pão: ora toma, António. Aprende a escrever à maneira. O facto é que me interessa muito mais um padeiro que um economista. Ou um gestor.

Criaturas que, não sei porquê, me dão pena: economistas, gestores, administradores, directores, banqueiros. Deve ser triste ganhar dinheiro assim. O que sonhará um economista, a que brincava um gestor em criança? Ou nasceram já crescidos? Imagino-os debaixo do chuveiro, de gravata, a falar ao telemóvel. E sabe-se que são velhos não pelo aspecto mas porque quando contam que arranjaram uma secretária boa se referem a um móvel. O que sonhará um economista posso imaginar mais ou menos, agora o que sonha a mulher de um economista é que me preocupa. Se eu fosse mulher de um economista sonhava com canalizadores ou mecânicos de automóvel, homens que usam as mãos e não lêem revistas de golfe nos domingos de chuva. Estou a brincar. Não conheço nenhum economista, aliás. Se conhecesse abria-lhe logo a tampa a fim de espiar o que traz na barriga: cartões de crédito, canetas caras, camisas por medida? ...

António Lobo Antunes

domingo, 22 de maio de 2011


Para escrever tenho que me colocar no vazio. Neste vazio é que existo intuitivamente. Mas é um vazio terrivelmente perigoso: dele arranco sangue. Sou um escritor que tem medo da cilada das palavras: as palavras que digo escondem outras — quais? talvez as diga. Escrever é uma pedra lançada no poço fundo.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Porque o amor em todas as suas formas é a coisa mais importante das nossas vidas .

Ofereço a todos os que amo e são tantos, tantos, tantos ...

terça-feira, 17 de maio de 2011


Vazio

A noite é como um olhar longo e claro de mulher.
Sinto-me só.
Em todas as coisas que me rodeiam
Há um desconhecimento completo da minha infelicidade.
A noite alta espia-me pela janela
E eu, desamparado de tudo, desamparado de mim próprio
Olho as coisas em torno
Com um desconhecimento completo das coisas que me rodeiam.
Vago em mim mesmo, sozinho, perdido
Tudo é deserto, a minha alma é vazia
E tem o silêncio grave dos templos abandonados.
Eu espio a noite pela janela
Ela tem a quietação maravilhosa do êxtase.
Mas os gatos embaixo acordam-me gritando luxúrias
E eu penso que amanhã...
Mas a gata vê na rua um gato preto e grande
E foge do gato cinzento.
Eu espio a noite maravilhosa
Estranha como um olhar de carne.
Vejo na grade o gato cinzento olhando os amores da gata e do gato preto
Perco-me por momentos em antigas aventuras
E volto à alma vazia e silenciosa que não acorda mais
Nem à noite clara e longa como um olhar de mulher
Nem aos gritos luxuriosos dos gatos amando-se na rua.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Procura-se ... urgentérrimo ...

Será que existe um Barnabé ?!? se existe chegue-se à frente que se faz tarde ...



Vieram profetas
Vieram Doutores
santos milagreiros, poetas, cantores
cada qual com um discurso diferente
p´ra curar a vida da gente
e a gente parada
fez orelhas moucas
que com falas dessas
as esperanças são poucas
mas quando o Barnabé cá chegou
Toda a gente arribou
Toda a gente arribou

Que é que tem o Barnabé que é diferente dos outros?

Vieram peritos
em habilidades
dizer que a fortuna cresce nas cidades
e que só ganha quem concorrer
e quem vai ser, quem vai ser
que vai ganhar, vai vencer?
e a gente parada
fez orelhas moucas
que com falas dessas
as esperanças são poucas
mas quando o Barnabé cá chegou
Toda a gente ganhou
Toda a gente ganhou

Que é que tem o Barnabé que é diferente dos outros?

Vieram comerciantes
vender sabonetes
danças regionais, televisões, rabanetes
em suaves prestações mensais
e quem dá mais, quem dá mais?
e quem dá mais, quem dá mais?
e a gente parada
fez orelhas moucas
que com falas dessas
as esperanças são poucas
mas quando o Barnabé cá chegou
quem tinha ouvidos ouviu
quem tinha pernas dançou

Que é que tem o Barnabé que é diferente dos outros?



Infelizmente há canções sempre actuais ...

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Ontem passei por um espaço comercial situado num local de grande densidade populacional e fiquei ... estarrecida !!! Mais de metade das lojas fechadas e o resto delas com meia dúzia de coisas, em promoções de 60 e 70 % de artigos sem qualidade.

Ontem uma amiga que gere um espaço que se dedica a oferecer cultura a baixo preço ligou-me. Perguntei-lhe como vai isso amiga ? a resposta foi : MUITISSIMO FRACO MESMO, é uma luta constante este projecto a que me dediquei.

Ontem no meu local de trabalho mais uma vez nada houve para fazer.

Ontem na RTP1 no programa apresentado pela Maria Elisa ouvi pessoas a falarem das dificuldades monetárias para adquirirem medicamentos que são essenciais para viverem, de como lhes é difícil pagarem uma conta de 50 euros na farmácia.

Adormeci ? Dormi ? penso que não. Pelo menos hoje levantei-me ainda mais cansada que me deitei ontem.

E hoje teimosamente não me sai da memória não uma frase, como diz o Sérgio, mas uma canção batida : A VIDA VAI TORTA ... jamais se endireita ?!?

terça-feira, 10 de maio de 2011

? ? ?

A alienação cultural dos portugueses continua a ser prioridade de quem detém o poder.

Não bastavam já as mais que muitas telenovelas que nos impingem diariamente voltaram agora em força os "Reality Show".

É certo que é uma maneira de muitos dos nossos actores, humoristas, anónimos e socialites ganharem dinheiro, mas desta maneira ? alienando a cultura ?

A verdade é que todos eles têm sucesso de audiência garantidos, a verdade é que é deste tipo de programas que a maioria dos portugueses gosta, a verdade é que a cultura é cada vez menos interessante para os portugueses, interessante mesmo é a cusquice e o voyarismo.

"Perdidos na Tribo" estreou no passado domingo na TVI. Conquistou 1,5 milhões de espectadores e foi líder. Colocou a TVI à frente entre os canais generalistas.

O "Peso Pesado" aposta da SIC e segundo eles o primeiro 'reality show' com um objectivo "nobre" e uma vertente pedagógica, é na verdade como todos os outros um espectáculo baseado na exploração do ser humano.

E finalmente:

"O último a sair" aposta da RTP1, conta com nomes que me surpreenderam, pessoas cuja presença neste tipo de programas é no mínimo SURPREENDENTE , como são os casos de Bruno Nogueira e Rui Unas

Vi um pouco deste último ontem, casualmente, e fiquei com a secreta esperança que a participação de Bruno Nogueira e Rui Unas, pessoas que até à data nos têm dado provas de inteligência e sempre me pareceram preocupadas com o nosso futuro cultural tenha como objectivo transmitir aos portugueses o que eles precisam urgentemente de perceber: o ridículo deste tipo de programas. Espero sinceramente que não me desiludam e que o único objectivo da sua participação seja demonstrarem que estes concursos têm como único objectivo a alienação cultural dos portugueses.



Ficha de Bruno Nogueira no reality show "O Último a sair"

Vou ter muitas saudades de ajudar os outros É uma estrela da televisão portuguesa, um dos melhores humoristas da sua geração. Idade: 29 anos. Ocupação: ator e humorista. Gosta: de ajudar os outros, de cinema e de música. Não gosta: de iscas. Objeto que leva para dentro da casa: uma garrafa de água das pedras. Maior qualidade: ser brilhante. Maior defeito: ser demasiado brilhante. Por que concorreu: "a minha prima inscreveu-me". Vai ter saudades de: "da minha prima".



Ficha de Rui Unas no reality show "O Último a sair"

Sou da margem sul "É uma pessoa descontraída, adora música e pratica luta greco-romana, por isso... vai encarar o “Último a Sair” como se fosse uma combate de luta e vai para ganhar. I dade: 37 anos. Ocupação: ator e apresentador de televisão. Gosta: música - – hiphop, kizomba, música africana… Não gosta: de pessoas individualistas. Objeto que vai levar para dentro da casa: leitor de CD’s. Maior qualidade: humildade. Maior defeito:"sou demasiado humilde... Eu devia ser menos humilde". Por que concorreu: “foi a minha agente que me inscreveu” Vai ter saudades: dos amigos, mas… "Eu vou com tudo... Eu vou ser o último a sair".

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